INFORMAÇÃO DA DIREÇÃO NACIONAL

Caros Associados

Partilhamos convosco o Comunicado enviado ontem, 27/3, para a TVI. Aguardamos um contacto da TVI para que o Coordenador da Residência da Setúbal entre em direto, para repor a verdade.

Os associados que assistiram à reportagem que esta estação fez sobre a Residência de Setúbal terão ficado naturalmente preocupados ou até mesmo indignados, como é o nosso caso, pela forma panfletária como mensagens falsas e distorcidas podem, no tempo atual, ser difundidas.

Em contraponto a esta situação, importa referir as mensagens que temos recebido de agradecimento pelo trabalho que se tem desenvolvido nas nossas Residências, mensagens que, além de serem um motivo para continuarmos, são também a prova que os nossos residentes estão a ser carinhosamente tratados num momento particularmente difícil das suas e das nossas vidas.

 

Intervenção no Jornal da 1 da TVI relativa à Residência ASSP - Casa do Professor de Setúbal

 

A Direção Nacional da ASSP assistiu atentamente a uma peça utilizada no Jornal da 1 da TVI de 27 de Março, relativa à Residência ASSP - Casa do Professor de Setúbal, a  qual nos merece a mais absoluta rejeição, quer pelo conteúdo, quer pela forma como foi estruturada, quer pela intenção, propositada ou não, que lhe está subjacente.

Assim, importa referir os seguintes aspectos:

1. O residente de 96 anos, alegadamente portador da COVID-19, hospitalizado logo após os primeiros sintomas, e num quadro de dúvida, foi testado e considerado negativo para aquela doença, razão pela qual aguarda agora o regresso à residência após todos os procedimentos inerentes por parte da Autoridade de Saúde Local. Será colocado em espaço próprio e isolado, criado para o efeito e fiscalizado pela mesma Autoridade.

2. Na residência temos neste momento 61 residentes. Num período normal são apoiados por 27 ajudantes de ação direta funcionários, 6 auxiliares de serviços gerais, por uma médica, 7 enfermeiros e 3 administrativas, a que se somam as necessárias estruturas de gestão. Como em qualquer estrutura profissional, nos tempos que correm, vários dos nossos funcionários ausentaram-se para dar apoio às respectivas famílias ou por outras razões de saúde ou pessoais, num quadro de legitimidade que a lei lhes confere. Os funcionários que ficaram ao serviço têm desenvolvido um trabalho intenso, em circunstâncias naturalmente adversas e, como seres humanos que são, têm dado o seu melhor para garantir o bem-estar dos utentes, apesar do regime de isolamento em que se encontram.

3. Pese embora o que atrás se expõe, a ASSP tem procurado junto de diversas entidades publicas e privadas contratar pessoal ou encontrar voluntários, o que se tem revelado até à data improdutivo. Este pessoal teria como função aliviar o trabalho extra que os atuais funcionários se vêem obrigados a desenvolver.

4. O serviço de refeições tem sido garantido por uma empresa externa que tem cumprido regularmente todos os seus compromissos.

5. Quer a Direção Técnica da residência, quer o seu Coordenador e a Direção Nacional da ASSP têm estado disponíveis e ativos 24 horas por dia, desde que a crise começou.

6. Face ao exposto, é absolutamente falso que os residentes se encontrem “abandonados”. É uma afirmação grave, imprudente e ofensiva para todas as pessoas que, com grande esforço individual e familiar estão a dar o seu melhor.

7. Os tão falados testes não são uma cura nem uma vacina. Tão pouco são garantia de que um negativo hoje não será um positivo amanhã. Começa a ser prova de alguma ignorância ou pura incapacidade para entender as notícias, esta ideia de que é a falta de testes que está a causar toda esta situação a nível mundial. Ao transmitir este tipo de mensagens sem efetuar o respectivo contraditório, os órgãos de comunicação social são objectivamente cúmplices deste tipo de ignorância.

8. Como não pode deixar de ser, é nas entidades oficiais, designadamente as responsáveis pela saúde pública, que as residências para idosos têm que apoiar as suas atuações relativamente aos seus utentes no atual contexto. Mal seria que ficasse ao critério de cada uma destas estruturas a condução voluntariosa dos processos. Se as entidades públicas não atuam corretamente, não será seguramente esta a arena para este debate, e os orgãos de comunicação que a utilizem para esse efeito sabem que assim é.

9. As residências ASSP pertencem a uma associação com uma já longa história, sem qualquer apoio do Estado, e que, pelo seu estatuto de IPSS, não tem nem pode ter fins lucrativos. Pauta-se, no entanto, por uma abordagem profissional e rigorosa nas suas decisões, razão pela qual procura continuamente agir em conformidade ou exceder as instruções oficiais que lhe são aplicáveis.

10. Indo ao fundo da questão, o que está aqui em causa é a segurança dos utentes destas residências, obrigados como estão a um perturbador, mas inevitável isolamento. Tudo tem sido feito para tornar esse isolamento mais suportável, garantido que, quer ao nível das refeições, quer ao nível da higiene, quer ainda ao nível do acompanhamento médico ou psicológico nada de fundamental lhes falte. A questão que se põe muitas vezes é se as famílias, a curto ou médio prazo, fariam melhor. É nossa convicção que não, e, pela observação que nos é dado fazer, as famílias também pensam assim.

11. Nestes momentos difíceis e perturbados que atravessamos, resta-nos procurar que a verdade persista sobre a tentação do sensacionalismo, fácil, mas lamentável.

 

Lisboa, 27 de Março de 2020,

 

A Direção Nacional